Eu realmente fiquei empolgado ao avistar a cidade. As dúvidas começaram a surgir quando paramos no sopé do monte que abrigava a antiga fortaleza e seu castelo. Eva tinha o endereço do nosso contato na cidade. Giasone Ferrétto era um
chef de cozinha bajulador, riquíssimo, possuidor de uma mansão na parte alta e dentro das muralhas seculares. Ele servia os mais ricos pratos para os mais desagradáveis senhores da cidade. A corrupção fazia parte do lugar há anos, graças a Morcucorp.
Acolhidos em sua enorme mansão, nos mostrou livros antigos sobre a origem nobre do Illsiminati. Eram cavaleiros que juraram proteger os segredos do Cálice da Vida e mantê-lo a salvo de qualquer vilania, muito antes do cristianismo se estabelecer na Europa. Entretanto, com o passar dos anos, a Igreja se tornou poderosa e perseguiu-os por séculos. Esses cavaleiros para se protegerem, descobriram fórmulas capazes de deixá-los mais fortes, para lutar contra as forças mesquinhas do clero. Seus antepassados faziam parte deste seleto grupo, e o Cálice da Vida que ficava sob a guarda de alguns remanescentes foi bem escondido em Monte Vista, quando eles destruíram todas as evidências de sua existência.

As palavras de Giasone me confortaram, realmente existiu o Illsiminati, mas era composto por guerreiros e sábios em busca de manter a harmonia em um mundo prestes a entrar em séculos de trevas e sofrimento. Por outro lado me preocupava, pois os usurpadores da Morcucorp roubaram o título, assim como todo o conhecimento guardado por gerações nas profundezas da cidade. Eles estavam próximos de descobrir o local onde o Cálice da Vida estava guardado. Se isso acontecesse, nosso anfitrião teria falhado com seus ancestrais, precisávamos pará-los.
Ele nos forneceu algumas munições, poções que ele mesmo preparou com o conhecimento dos antigos. Foi quando eu perguntei:
– Essas poções não matam ninguém, certo? Não quero ser autor de algum assassinato, ou algo do gênero. – seus olhos se arregalaram quando me respondeu com um sonoro não, antes de explicar. A poção apenas os renderia. Ele tinha um soro da verdade para quando a polícia não corrompida da cidade vizinha chegasse e eles confessassem seus crimes.
Giasone estava sozinho nesta empreitada, os antigos cavaleiros deixaram poucos descendentes e o penúltimo morreu por culpa da Morcucorp. Escondeu suas origens, trocando seu nome, graças a estar estudando em uma universidade da capital quando a corporação tomou conta de Monte Vista. Contudo ele esperava recuperar seu legado de volta e colocar os canalhas na cadeia, aonde pertenciam. Mas precisava da ajuda dos rebeldes do Egito, alguns ingredientes mais poderosos para suas poções só existiam em Al Simhara. Foi justamente a arma secreta que Eva foi encarregada de trazer à Itália.

De posse dos ingredientes, nosso anfitrião perguntou se estávamos cansados da viagem ou preferíamos comer alguma coisa antes de descansarmos. No dia seguinte teríamos muito trabalho pela frente. Pedimos pelos dois e a sua alquimia na cozinha demonstrava sua capacidade inata de misturar qualquer poção. Depois da deliciosa refeição, ele nos levou a um quarto de hóspedes e nos deixou a sós, mostrando o banheiro em anexo. Quando saiu, o olhar da Eva era no mínimo intrigante...