sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Fim do Idílio

No meu último dia em Shang Simla, meu novo mestre trouxe um lutador para treinarmos. Um teste para descobrirmos se eu já estava pronto a me aventurar no grande circuito. Venci a luta tão facilmente que o rapaz ficou entusiasmado com minha capacidade e me cumprimentou diversas vezes pelo meu êxito. Shang expressou seu contentamento e disse não esperar menos de mim, quando eu retornasse à Vila treinaríamos juntos até o início do circuito, no ano seguinte.

Estava decidido a não me afastar de Mei até a hora do táxi me buscar. Após o treino, almoçamos todos juntos em sua casa e os visitantes se retiraram logo depois da deliciosa refeição. Mal dei tempo para a porta se fechar e a agarrei de encontro ao meu peito. Nossos corpos se encaixaram perfeitamente e demos vazão aos nossos desejos retirando nossas roupas desajeitadamente, sem rompermos o contato.

Passei toda a tarde tentando decorar cada detalhe da minha amada. Fotografei sua nudez com meus olhos, vivifiquei seu sabor com a minha língua, acariciei sua pele com a minha e digitalizei a sua textura. Marquei o aroma de seu corpo com meu olfato apurado, gravei seus murmúrios e gemidos em meu canal auditivo. Apreciei e rememorei a plenitude de minha amada em nossos momentos mais íntimos de paixão e desejo.

Eu não queria afastar-me e expressei isso em uma frase impulsiva:

 – Vem morar comigo em Bridgeport! – percebi seu olhar de questionamento e completei – Sei que não pode ir comigo hoje, mas em um mês ou dois poderia arrumar suas coisas e vir para morarmos juntos. Quem sabe abrir um centro de meditação na cidade? Com certeza teria muita gente estressada querendo aprender suas técnicas.

Ela se levantou assustada e disse:

 – Você não pode estar falando sério, né? Ainda é muito cedo para tomarmos qualquer decisão nesse sentido, vamos primeiro nos conhecer um pouco mais. Quando voltar aqui teremos amadurecido nossos sentimentos para aos poucos decidirmos se queremos realmente estar juntos e tentarmos descobrir uma forma que agrade aos dois.

Eu normalmente não sairia do sério, mas sou um homem loucamente apaixonado, e seu discurso demonstrou que nossos sentimentos não estão em pé de igualdade. Afetou-me drasticamente, nunca estive tão irado como naquele momento, e realmente não lembro das palavras duras lançadas a ela. As quais me arrependi tarde demais, ao relembrar seu olhar de horror e desprezo pelo meu momento de fúria. Mei não me amava o suficiente para me seguir, nem dormir e acordar todas as noites ao meu lado, como naqueles dias de idílio.

A dor era profunda em meu coração, mas antes de colocar qualquer roupa e sair de sua casa, a imprensei na parede roubando-lhe um último e devastador beijo. Guardaria aquele sabor para sempre em minha memória, o sabor do amor perdido e destruído. Queria que ela sentisse a minha perda, revogasse sua sentença e fosse comigo naquela mesma noite para Bridge. Obtive apenas um olhar tenso e ingrato. Coloquei minhas roupas rapidamente e com minha mochila nas costas saí de lá derrotado. Perdido de amor...


4 comentários:

  1. Own, que triste isso T-T
    Sabe eu como uma mulher apaixonada imagino a dor que você sentiu =/ mas quem sabe um dia ela volta atrás da decisão .-.


    ;*

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    1. Foi um momento muito tenso! Eu louco de amor, desejando-a ao meu lado e ela ainda em dúvida sobre nós! Espero que você tenha razão.

      Un câlin

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  2. Ai Lamarca... nunca pensei que vc fosse passar por uma situação assim... Sempre imaginei que fosse o contrário, as mulheres loucas para te amarrar e vc escorregadio como sabonete molhado... Espero que ela pense melhor...

    Beijooos

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    1. Sério?! Nunca mulher alguma tentou me amarrar! Sou sempre o curinga, nunca o ás.
      Espero isso também.

      Un câlin

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